Como deve ficar o Underground após a pandemia?
Está aí uma boa questão a ser levada muito a sério e não é somente essa pergunta, mas também outras que surgirão com o passar dos meses. Se alguém que segue a cena brasileira sabe muito bem das grandes dificuldades que se apresentam e inserido nesse contexto temos uma grande quantidade de bandas, estúdios de ensaio e gravação, gráficas, designers, produtores de shows, lojas de discos especializadas e selos que lançam os materiais, além de sites e web rádios e todos de alguma forma se alimentam do acontece no movimento, fazendo sua parte.
Então eis que chega a pandemia e tudo para e temos a pergunta: Como tudo ficará após? A resposta ainda não sabemos, mas o que sabemos são os efeitos imediatos da infecção que cancelaram ou foram adiados quase todos os shows, não obstante alguns foram remarcados para o final do ano, outros nem tem como remarcar, pois, sua nova organização depende de vários fatores de agenda e datas.
Se levarmos em conta o público dos shows do underground que são menores é possível que nem sinta tanto os efeitos, será por quê?
A verdade que agora que tudo parou de repente podemos ver uma nova realidade em relação aos shows quem sabe até mesmo um aumento significativo de público? Essa é uma aposta que teremos que esperar para ver.
As mais afetadas provavelmente serão as bandas da nossa cena, pois estão na ponta, não sei se perceberam, mas o número de lançamentos está reduzido em relação ao ano passado, basta observar melhor, já ouvi conversas que os selos já trabalham no limite e seguem agora de uma certa forma mais prejudicado financeiramente, já que todos devem colaborar com o estado de sitio, tendo seus salários e carga horaria reduzidos em até 50%, caso não fiquem sem emprego como consequência menor aquisição de materiais e o dólar nas alturas torna tudo mais inviável.
Em tempos de tecnologia agora inventaram shows pela internet, uma grande ideia, mas será que irá funcionar? Para o underground talvez não, visto que os shows são o grande momento do encontro entre os headbangers é aquele momento mágico onde temos acesso aos materiais que procuramos e o bate papo com os amigos.
As tradicionais lojas de discos terão que se reinventar de uma forma ou de outra para poderem sobreviver nos meses que seguirão e essa é uma questão complicada visto que muitos empresários que administram essas lojas fazem isso por amor, mas também fazem por questões financeiras e as vezes é melhor fechar do que pagar o prejuízo, isso não é uma questão mais de amor a cena, mas de sobrevivência.
No entanto estamos somente falando de underground aqui no Brasil, pois se elevarmos isso a uma escala mundial o impacto provocou um prejuízo milionário onde muitos seguimentos são afetados diretamente e indiretamente a indústria do entretenimento pede socorro.
Então pense que o Underground vai precisar da sua legião de seguidores para sobreviver, não obstante sempre ouvíamos a frase “Apoie a Cena” então está chegando a hora de isso se fazer realidade.
Benedicto Junior
Programa Apocalipse
Dark Rádio Brasil